TRANSPORTE
Dispara índice de roubos de cargas no transporte do agronegócio brasileiro
Falta de gerenciamento de risco e aumento de 32% no limite de carregamento engordam as estatísticas
13/06/2022 14h47 Atualizada há 3 anos
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Durante o ápice da pandemia de Covid-19 em 2021, o setor de transporte rodoviário de cargas viu despencar em 20% suas transações. Surgiu então a necessidade logística de aumentar o limite de carregamento de caminhões, evitando qualquer ociosidade de espaço nos veículos de transporte de cargas. Foi um aumento da ordem de 32% no limite e os prejuízos dos roubos de cargas também cresceram, chegando a cifra de R$ 1,2 bilhões, de acordo com a CNT (Confederação Nacional do Transporte), em 2021. 

 

Saíram ilesas as contratantes de frete (embarcadores, operadores logísticos, transportadoras) que fizeram do gerenciamento de risco um item de primeira necessidade, levando em consideração a classificação do perfil de motoristas para cargas específicas, dados das torres de operações e informações sobre atendimento de sinistros. “As empresas que descuidaram de itens preciosos foram as que tiveram mais eventos negativos”, conta Ricardo Monteiro, diretor da Pamcary- GPS, líder no gerenciamento de riscos do transporte rodoviário de cargas.

  

Historicamente líder nos rankings de roubos de cargas, o Sudeste teve, proporcionalmente, menos eventos negativos que estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, que amargaram aumento de 17% nos roubos, segundo levantamento da Pamcary-GPS. 

 

A explicação está no histórico de prevenção. Como o estado de São Paulo concentra 80% do volume financeiro do mercado de cargas, os projetos de gerenciamento são constantes e levam em consideração informações fundamentais como: histórico profissional (experiência), quantidade de viagens, envolvimento em acidentes, categoria e aptidão da CNH, tipo, ano e modelo do veículo transportador, certificados, cursos de aprimoramento, inclusive MOPP (curso de Movimentação e Operação de Produtos Perigosos).

 

Dados da Pamcary revelam ainda que os itens mais roubados foram açúcar (350%), milho (+200%), seguido de óleo de soja (38%) e farelo de milho (13%). “Além de não terem rastreabilidade e serem distribuídos com facilidade, são cargas que não costumam estar acompanhadas de projetos de gerenciamento”, explica Ricardo Monteiro.

 

Com aumento do limite de cargas, serviços como o do Telerisco, banco de dados com informações sobre caminhoneiros, transportadoras e embarcadores logísticos, ganharam ainda mais importância como aliados no combate ao roubo de cargas. O Telerisco criou 5 perfis para atendimento. O perfil 1, para valores de embarques até R$ 70 mil; perfil 2 até R$ 140 mil; perfil 3 até R$ 350 mil; perfil pleno, acima de R$ 350 mil, e perfil sênior, sem restrição para valor de embarques ou tipos cargas.

 

Para o presidente da CNTA -- Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, a seleção de profissionais e de veículos apropriados para os diversos tipos de carga, retira do caminhoneiro o ônus de ter de fazer altos investimentos em tecnologia de rastreamento e monitoramento. 


A entidade, em conjunto com as Federações e Sindicatos de caminhoneiros, criou uma Câmara de Conciliação para analisar os critérios das gerenciadoras de risco. “No passado, houve distorções, que foram completamente sanadas. Hoje a situação é outra, caso não existisse o gerenciamento de riscos, as perdas com os roubos de cargas seriam muito maiores, inviabilizando o transporte das cargas mais visadas e encarecendo demais os produtos ao consumidor final”, completa.