Baseada em dados fornecidos pelas administradoras de consórcios que atuam no setor de veículos pesados, onde o transporte rodoviário de cargas está inserido, a assessoria econômica da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios) realizou pesquisa para avaliar o desempenho do mecanismo nesse segmento, durante a pandemia.
O levantamento teve como foco os caminhões, considerando principalmente a intermodalidade e a integração das suas diversas categorias: dos extrapesados, que fazem os longos percursos e rodam pelas estradas, aos leves, que têm acesso às áreas urbanas.
Face às peculiaridades e vantagens do Sistema de Consórcios como custo final baixo; prazos longos; aproveitamento de até 10% do crédito para despesas com documentação, tributos e seguro; parcelas mensais ajustadas aos orçamentos e, principalmente preservação do poder de compra, com as correções dos créditos, verificou-se que há um equilíbrio entre a participação de pessoas físicas e jurídicas nos grupos. Em março, as pessoas jurídicas representavam de 52,4% dos consorciados, enquanto os autônomos atingiram 47,3%, e outros como, por exemplo, as cooperativas, chegaram a 0,3%. Em todas, a opção pela modalidade está calcada no planejamento para troca e renovação de veículos ou ampliação de frotas.
A análise revelou que, de março do ano passado até março deste ano, as adesões aos consórcios demonstraram crescimento. Enquanto, naquele mês de 2021 somavam 7,92 mil novas cotas, no mesmo período de 2022 chegaram a 15,36 mil, registrando avanço de 94,0%. A média mensal, nos últimos doze meses, foi de 11,47 mil cotas, para um total de 137,64 mil adesões.
Os picos de vendas ocorreram em maio e setembro do ano passado, quando atingiram 15,52 mil e 15,07 mil cotas, respectivamente. Já em março deste ano, alcançaram 15,36 mil. Ao aderirem ao mecanismo, empresas de transportes e autônomos, de acordo com suas áreas de atuação, optaram por créditos variando de R$ 120,00 mil a R$ 990,00 mil, ficando a média próxima aos R$ 390,00 mil.
A taxa média de administração praticada foi de 0,15% ao mês para um prazo médio de 92 meses de duração do grupo. Os reajustes periódicos sobre os créditos e consequentemente nas parcelas, previstos nos contratos, foram de 80,0% acompanhando a tabela do fabricante e de 20,0% pelo IPCA.
Entre as categorias mais retiradas, por ocasião da contemplação, estiveram os caminhões leves, com 23,0%; os médios, com 24,7%; os pesados, com 37,6%; e os extrapesados, com 14,7%.
O levantamento apontou ainda que o maior volume de consorciados contemplados optou pela renovação da frota, com 65%, enquanto para ampliação foi de 35%. Ainda segundo a B3, em março, a maioria, 72,0%, decidiu pelos caminhões seminovos e 28,0% pelos novos.
Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, "os resultados do levantamento apontam a potencialidade do mercado, visto que muitos veículos, negociados no ano passado, ainda serão entregues este ano”. Paralelamente, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ao projetar a comercialização de 140 mil unidades, está apontando crescimento de 9,0% para 2022.
“Com estes desafios, temos a convicção de que o consórcio é a melhor alternativa, em razão dos custos mais baixos, e que as futuras decisões de troca ou de compra estarão apoiadas no planejamento dos consumidores”.
Em março deste ano, o balanço dos consórcios de veículos pesados chegou a 487,59 mil participantes, dos quais dois terços - 325,06 mil -, têm como objetivo básico a aquisição de caminhões. O outro terço de consorciados visa a compra de máquinas e implementos agrícolas.
Ao considerar a capacidade dos veículos e sua movimentação, observou-se que 56,0% se destinam a entregas no varejo; 15,0% ao agronegócio; 2,5% à carga líquida, como combustíveis, gás, sucos; 2,5% à carga seca como madeira, eletroeletrônicos, construção; e 24,0% a outros tipos.
As expectativas para 2022 seguem apoiadas especialmente no agronegócio, onde as safras continuam em alta, apesar das dificuldades enfrentadas com secas e chuvas desproporcionais entre as regiões do país; com as oscilações do dólar, quando da aquisição de insumos; e com as exportações, em razão da influência da globalização da guerra no leste europeu. “Isto sem falar da inflação crescente; taxa de juros ascendente, pequena reação nos empregos mesmo com renda menor, além de despesas com energia, combustíveis etc.”, complementa Rossi.
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