Após o 7 de setembro, que reuniu milhões de brasileiros de Norte a Sul do país em manifestações contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e gritos de apoio à presidência da República, desde ontem – quarta, 8 – centenas de milhares de caminhoneiros, autônomos e empregados de transportadoras, estacionaram à beira das principais rodovias do país. Essa pode ser, segundo apontamentos do segmento, a maior greve dos caminhoneiros já realizadas na história do Brasil.
Até ontem pelo menos 16 estados apresentavam rodovias importantes, como a BR-101, interditadas para a circulação de veículos comerciais. Apenas caminhões portando oxigênio ou medicamentos, como doses da vacina contra a Covid-19, podiam passar pelas barreiras. A partir de hoje, em muitas estradas mesmo os veículos de passeio poderão ficar no bloqueio, exceto as ambulâncias. Toda a situação é monitorada de perto pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Pelas informações apuradas in loco em alguns desses pontos, a “greve dos caminhoneiros” não está associada a sindicatos da categoria – e são centenas espalhados pelos estados brasileiros. A ação parte de grupos que se organizaram, sem bandeiras sindicais, e ganhou a adesão de centenas de milhares de motoristas Brasil afora.
Com bandeiras do Brasil e faixas nas cores verde e amarela, os núcleos que barram a circulação nas rodovias – algumas municipais, mas em sua maioria estaduais e federais – denotam apoio ao presidente Jair Bolsonaro, com manifestações contra o STF, em principal. Neste momento este parece ser o principal grito da categoria, que também anseia pela queda no valor do diesel e redução no custo dos pedágios, entre outros.
Quem se mostra contra a ação é a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística - NTC&Logística, que repudiou as paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias. “Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, disse em nota.
“Esperamos que as autoridades do Governo Federal e dos Governos Estaduais adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional, como pressuposto indeclinável para o cumprimento da atividade essencial de transporte”, reiterou a entidade.
O Brasil possui nada menos do que dois milhões de caminhoneiros. Essenciais para a economia nacional, foram gigantes também no começo da pandemia: contra todos os riscos, estavam na linha de frente transportando alimentos, medicamentos e insumos hospitalares. Muitos tiveram a vida ceifada pela Covid. Hoje, ao que tudo indica, a luta parece ser outra: não demonstram sinais de cansaço para paralisar sua greve. Prometem ir além.
E sem caminhão o Brasil para, literalmente. Mais de duzentos milhões de brasileiros aguardam os próximos capítulos desta batalha estradeira.
Sensação
Vento
Umidade