Em constante aprimoramento de sua eficiência operacional em sua fábrica de veículos comerciais em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, região metropolitana de São Paulo (SP), a Mercedes-Benz do Brasil adotou etiquetas eletrônicas na linha de produção, com foco nas fases de pré-montagem e montagem de cabinas de caminhões que a empresa alemã produz no Brasil. Com essa tecnologia, a unidade passou a automatizar a contagem e a reposição das peças usadas nessas etapas, otimizando o trabalho dos colaboradores que lidam com o Kanban – quadro de sinalização que controla os fluxos de produção e transporte de kits.
A aquisição de ESLs (sigla em inglês para Electronic Shelf Labels) acelerou a conferência da maior parte dos componentes utilizados na produção de cada cabina. As etiquetas eletrônicas ainda simplificam o processo de pedido de peças, possibilitando efetuar uma ordem de disparo no próprio ponto de uso, se necessário. Também apoiam o gerenciamento de estoques e equipamentos no local da fabricação ao proporcionar a análise de dados sobre os componentes – estando eles armazenados no rack, sinalizados no Kanban ou posicionados na linha de produção.
Além disso, a solução substituiu etiquetas de papel que eram impressas para a produção das cabinas. A ação faz parte de uma iniciativa em prol da sustentabilidade implementada globalmente pela fabricante alemã para reduzir ou eliminar a quantidade de papel que circula nas fábricas.
“Como resultado desse projeto-piloto na montagem de cabinas, as ESLs nos trouxeram maior agilidade na localização de peças na linha de produção e acuracidade nas informações exibidas no visor, que passaram a ser atualizadas em tempo real. A eliminação do uso de papeis impressos nessa etapa também garantiu a correta identificação de racks, carrinhos de pré-montagem e cabinas que entram na linha de montagem, além de maior consciência ambiental entre os colaboradores na planta”, afirma Kleber Eudóxio Ribeiro, Engenheiro de Manufatura da Mercedes-Benz do Brasil.
Na planta da Mercedes-Benz do Brasil em São Bernardo do Campo, foram introduzidos dois tipos de tags, com dados sincronizados entre ambos. O modelo instalado nos racks tem dimensões mais amplas e exibe um número de seis dígitos com até três cores diferentes (branco, preto ou vermelho) para identificar cada veículo que entra na linha de montagem. Já o modelo compacto está acoplado aos carrinhos de pré-montagem, que separam e transportam as peças utilizadas para produzir as cabinas. Nas produções de maior complexidade, cada carrinho pode possuir até 10 ESLs, uma por cada cabina sequenciada.
Cada ESL exibe dados como nome, cor e código da peça, além do modelo do caminhão ao qual é destinada, o destino do veículo produzido (exportação ou mercado interno) e a presença ou não de itens opcionais (como ar-condicionado). Essas variações são levadas em conta para garantir 100% de correção na fabricação das cabinas dos caminhões, independentemente das características que diferenciam cada modelo.
As tags ainda mostram dados gerenciais como data de entrega e quantidade e status do pedido. Qualquer alteração nessas informações é atualizada de forma instantânea e em tempo real no visor, garantindo transparência, flexibilidade, controle, segurança e conformidade com os prazos contratados.
A Mercedes-Benz do Brasil calcula que esse ganho de agilidade proporcionado pela tecnologia reduziu tempos de retrabalho para levantamento de dados de montagem. As etiquetas eletrônicas ajudam a afastar riscos de atraso e perda na produção. Além disso, como medida de segurança, a solução também é capaz de corrigir eventuais inconsistências nas informações carregadas do sistema – o que não era possível com o uso de papeis impressos. As ESLs são equipadas com uma luz de LED que pode piscar em diversas cores para alertar os colaboradores sobre situações fora do comum ou possíveis discrepâncias que podem afetar a produção – uma funcionalidade que ainda não foi implementada.
A Mercedes-Benz do Brasil enxerga o alto nível de automação das etiquetas eletrônicas como uma solução de IoT (internet das coisas). Uma visão que é potencializada pelo funcionamento integrado dessas tags com o SGP (Sistema de Gerenciamento de Produção), um sistema de gestão criado pela própria multinacional, e o CLP (Controlador Lógico Programável), que coordena as atividades dos robôs na linha de montagem.
O parceiro escolhido para implementar as etiquetas eletrônicas na linha de produção foi a Seal Sistemas, empresa com a qual a Mercedes-Benz do Brasil já havia desenvolvido um projeto bem-sucedido envolvendo o uso de coletores de dados. As ESLs foram validadas por uma prova de conceito (POC) antes de serem implementadas por meio de um projeto-piloto focado em uma parte do processo industrial – no caso, a fabricação de cabinas.
Considerada a maior integradora de soluções de mobilidade do Brasil e líder em computação móvel e captura automática de dados, a Seal Sistemas também implementou na fabricante uma infraestrutura de rede sem fio que apoia o funcionamento das etiquetas eletrônicas com base em servidores locais e baseados na nuvem. Também viabilizou a integração das ESLs com a infraestrutura tecnológica existente, incluindo sistemas e diversos formatos de arquivo utilizados na planta.
“O projeto que realizamos na Mercedes-Benz do Brasil demonstra toda a aplicabilidade e poder de adaptação das etiquetas eletrônicas – cuja presença já é muito consolidada no setor varejista – também para processos de montagem complexos, com muitas etapas e particularidades. Os resultados positivos em uma parte do processo de produção de caminhões demonstram o enorme potencial da tecnologia para beneficiar toda a linha de montagem. Consideramos a implementação na fabricante uma referência de aplicação das ESLs na indústria”, diz Wagner Bernardes, CEO da Seal Sistemas.