Primeiro, o alívio. Depois, o grito de “campeão”. O quente domingo (6) da final da Copa Truck em Goiânia (GO) marcou a consagração de Wellington Cirino como campeão da temporada 2022 da principal categoria de caminhões do país e a mais rápida do mundo. Alívio, porque não foi fácil: por mais de uma vez, as coisas pareciam ter sido postas a perder.
Em um circuito conhecido por ser muito exigente com o sistema de freios, a temperatura do asfalto no momento da largada era de 60,5ºC, segundo aferição realizada pela Fras-le – a temperatura ambiente era de 30 graus. Além das retas longas, o miolo sinuoso do circuito costuma colocar máquinas e pilotos à prova. Cuidar dos freios na pista mais quente da temporada é fator decisivo no desempenho.
Na primeira corrida, enquanto Roberval Andrade largava na pole e mantinha boa distância para o segundo colocado, Cirino, em quinto foi obrigado a ir aos boxes por conta do excesso de emissões. O piloto paranaense chegou à capital de Goiás como líder do campeonato, mas com poucos pontos à frente do vice-líder Beto Monteiro.
Ele retornou à pista para terminar a prova na 17ª posição, mas pontuar como se fosse o décimo (por causa dos pilotos da classe Super Truck, que pontuam separadamente). Roberval venceu tendo Beto Monteiro em segundo, Paulo Salustiano em terceiro, André Marques em quarto e Felipe Giaffone em quinto.
Com o resultado da primeira corrida, a classificação do campeonato foi alterada momentaneamente, colocando Beto Monteiro na ponta com 249 pontos e uma mão na taça, seguido de Andrade com 246, Cirino com 244 e Felipe Giaffone com 238 pontos.
Com a inversão dos oito primeiros colocados da primeira prova, Evandro Camargo largou na frente, mas ficou para trás já na reta principal. Na saída da segunda curva, Roberval Andrade, vencedor da primeira corrida, rodou na pista após um toque com Beto Monteiro.
Quando o piloto da Mercedes voltou à posição para continuar, foi acertado pelo caminhão de Djalma Fogaça, que vinha em alta velocidade e capotou de maneira espetacular. O acidente causou a interrupção da prova com bandeira vermelha para o atendimento a Fogaça, que do centro médico do autódromo foi levado para um hospital em Goiânia com suspeita de uma fratura de clavícula. Para Andrade, foi fim de corrida e fim das esperanças de conquistar seu segundo título na Copa Truck.
Enquanto a prova esteve parada, Cirino retornou aos boxes para que sua equipe trabalhasse na reprogramação da injeção eletrônica de seu Mercedes-Benz. E na análise do acidente pelos comissários desportivos, Beto Monteiro acabou excluído da segunda corrida, considerado culpado pelo toque com Roberval Andrade.
Depois de 37 minutos de paralisação, a nova largada para a corrida 2. Adalberto Jardim pulou à frente de Evandro Camargo, que passou a sofrer com o assédio de Felipe Giaffone e Paulo Salustiano. Giaffone passou Camargo já na segunda curva e partiu para o ataque sobre Jardim. Entretanto, com pouca velocidade de reta, o ataque se tornou defesa contra André Marques. O campeão de 2021 superou o piloto da Iveco e, este sim, foi para cima de Jardim para concluir a ultrapassagem na abertura da quinta volta – a cinco minutos do final.
O fato de ter caído de segundo para terceiro foi determinante para que Wellington Cirino, que finalizou a prova em quinto, conquistasse seu primeiro título na Copa Truck. A vitória de André Marques, sua primeira (e única) nesta temporada, foi simbólica: foi o atual campeão vencendo a prova para “passar a faixa” ao novo campeão da categoria.
O paranaense de 47 anos, piloto da Mercedes-Benz, fecha a conta com 255 pontos, apenas três a mais que o paulista da Iveco, que termina o ano como vice-campeão.
É o quinto título brasileiro de caminhões que Wellington Cirino conquista – o primeiro na Copa Truck. O paranaense de Francisco Beltrão foi campeão em 2001, 2003, 2005 e em 2008 pela antiga Fórmula Truck. “Foram 14 anos buscando este título e a equipe toda merecia pelo trabalho sensacional que eles fizeram o ano todo”, dedicou o novo campeão.
A Copa Truck também divulgou o calendário da temporada 2023, que começa, a exemplo de 2022, com rodada dupla em Santa Cruz do Sul (RS), nos dias 25 e 26 de março (veja calendário ao final do texto).
“Tem que acreditar, né? Acreditamos no trabalho. Com tudo o que aconteceu durante o final de semana, e na corrida eu não tinha um caminhão tão forte. A questão da emissão de poluentes nos pegou de surpresa, mas fui para os boxes, regulamos o caminhão, saímos e fomos recuperando. A equipe toda merecia esse título. Eles fizeram um trabalho sensacional. São 14 anos na procura por este título, desde que ganhei o último. Agradeço a Deus, a Santo Expedito e à Nossa Senhora de Aparecida, que sempre estão comigo”, disse Cirino, da ASG Motorsport, Mercedes-Benz #6.
Classificação final do campeonato (oficial)
1. Wellington Cirino, 255 pontos – Campeão
2. Felipe Giaffone, 252
3. Beto Monteiro, 249
4. Roberval Andrade, 246
5. Paulo Salustiano, 217
6. Debora Rodrigues, 190
7. Jaidson Zini, 181
8. Andre Marques, 153
9. Luiz Lopes, 143
10. Adalberto Jardim, 111
11. Djalma Fogaça, 90
12. Danilo Dirani, 64
13. Regis Boessio, 62
14. Renato Martins, 31
15. Leandro Totti, 9
Sensação
Vento
Umidade